Publicado em: 11/04/2025.
Imagem: Embalagens de defensivos agrícolas. Fonte: relatório de sustentabilidade inpEV, 2021.
A indústria de defensivos agrícolas tem avançado significativamente em práticas sustentáveis. Antes de 1989, não havia orientações para o descarte ambientalmente adequado das embalagens de defensivos agrícolas. Muitos agricultores realizavam práticas incorretas, como queimar e enterrar essas embalagens, o que poderia gerar danos ambientais irreversíveis, a exemplo da contaminação do solo e dos lençóis freáticos.
Nesse contexto, nos anos 2000, foi criada a Lei nº 9974, que estabeleceu a obrigação da destinação ambientalmente correta das embalagens de defensivos agrícolas pelos fabricantes dessas embalagens.
O inPEV: Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias
Em 2001, foi criado o inpEV, Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, que faz a gestão do Sistema Campo Limpo (SCL).
O Sistema é o programa brasileiro de logística reversa de embalagens vazias ou com sobras pós consumo de defensivos agrícolas. Atua desde o produtor até reciclagem ou incineração, garantindo a destinação ambientalmente correta desses resíduos.
“O inpEV nasceu escutando a necessidade dos agricultores, que se perguntavam o que é correto fazer com as embalagens”, contou Marcelo Okamura, diretor-presidente do inpEV.
Logística do Sistema Campo Limpo (SCL)
O Sistema inicia com a devolução das embalagens pelos produtores em uma das mais de 400 unidades de recebimento entre centrais e postos.Nas notas fiscais de compra desses produtos constam o endereço do local de devolução.
Além disso, em locais mais distantes, a instituição também disponibiliza mais de 4.000 recebimentos itinerantes. Realizados com parceiros locais, os RIs são voltados a pequenos agricultores de regiões afastadas das unidades.
Após a devolução, o agricultor recebe um recibo que deve guardar por um ano, passível de fiscalização pelos órgãos públicos.
Imagem: Central de recebimento de Contenda/PR. Fonte: inpEV.
Vantagens da reciclagem
A reciclagem, com a destinação de cerca 95% das embalagens recebidas nas unidades do Sistema Campo Limpo, é vantajosa socioambientalmente. Esse processo diminui a extração de novos recursos materiais, o que também reduz o consumo de energia elétrica, água e ainda gera empregos e renda em todos os estados brasileiros.
Imagem: Esquema de ganhos ambientais do Sistema Campo Limpo. Fonte: inpEV.
Graças a esse Sistema, em que o poder público legisla e fiscaliza, os agricultores devem devolver as embalagens e a indústria realiza a logística reversa, permitindo que o Brasil esteja entre os países com os maiores índices de destinação correta de embalagens no mundo.
“Hoje nenhuma embalagem de plástico rígido é queimada, 100% delas são recicladas”, comentou Marcelo Okamura.
Do total, apenas cerca de 5% de todas as embalagens recebidas são encaminhadas para a incineração adequada.
Temas materiais do inpEV
O inpEV possui oito temas materiais, que são assuntos considerados prioritários por seu alto potencial de impacto ambiental, social, econômico e de governança.
Estes temas estão correlacionados com metas específicas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), objetivos estabelecidos na Agenda 2030.
Os ODS são um plano global adotado em 2015 por 193 países-membros das Nações Unidas para promover o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030.
O funcionamento do Sistema Campo Limpo se conecta com os ODSs 8 (Trabalho decente e crescimento econômico), 12 (Consumo e produção responsáveis) e 16 (Paz, justiça e instituições eficazes).
O SCL contribui para a agricultura responsável, já que evita que resíduos sejam descartados de forma irregular, o que poderia causar danos ao solo e a corpos d’água.
O inpEV reconhece a importância das operações do Sistema Campo Limpo e planeja expandi-las para novas regiões. Essa iniciativa fortalece a sustentabilidade na produção agrícola.
Imagem: Mapa de unidades de recebimento de embalagens vazias pelo inpEV.
A expansão está alinhada aos ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável) e 12 (Produção e Consumo Responsáveis), promovendo um sistema mais sustentável. Além disso, reduz a geração de resíduos por meio da reciclagem.
A educação e conscientização dos agricultores também é um tema material fundamental; a instituição realiza treinamentos e campanhas ambientais a estudantes e comunidades, trabalhando temas como consumo consciente.
Por meio do Programa de Educação Ambiental (PEA) Campo Limpo, são distribuídos todos os anos materiais educativos às escolas das comunidades do entorno das unidades de recebimento do Sistema Campo Limpo.
Por incentivar a educação e a conscientização sobre desenvolvimento sustentável, essa iniciativa está ligada ao ODS 4 (Educação de Qualidade) e 12 (Consumo e Produção Responsáveis). A iniciativa foi reconhecida pela ONU em 2019 pela disseminação destes ODS.
Além disso, o inpEV também preza por:
- Busca por métodos e tecnologias inovadores e eficientes para a reciclagem dos materiais;
- Desenvolvimento humano na instituição, com o estímulo de competências para a evolução contínua e inovação;
- O instituto também valoriza o diálogo e a cooperação, com atitude integradora em todos os elos da cadeia agrícola, o que se conecta com o ODS 17 (Parcerias e Meios de Implementação), que descrevem parcerias que mobilizam e compartilham conhecimento e experiência;
- Viabilidade econômica, já que o inpEV é uma instituição sem fins lucrativos e por isso foca em redução de custos, ganhos de eficiência e produtividade e ampliação do Sistema Campo Limpo.
No episódio #61 do SolloCast, Thaís Matioli Polisel e Marcelo Okamura, engenheiro agrônomo e diretor-presidente do inpEV, se aprofundaram no assunto de como destinar corretamente as embalagens vazias de defensivos agrícolas. Confira o episódio clicando aqui.
Quer saber mais sobre o Sistema Campo Limpo? Acesse o site do inpEV clicando aqui.
Referências:
Brasil. Decreto n° 3.550, de 27 de julho de 2000. Disponível em:
Sistema Campo Limpo. inpEV. Disponível em: https://www.inpev.org.br/sistema-campo-limpo/sobre-sistema/
Quem Somos. inpEV. Disponível em: https://www.inpev.org.br/inpev/quem-somos/
ALENCAR, J. A. de; LIMA, M. F.; CARVALHO, G. A. de; OLIVEIRA, C. M. de; Descartes de embalagens de agrotóxicos. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/131437/descarte-de-embalagens-de-agrotoxicos
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