Publicado em: 12/09/2025.
Armadilhas inteligentes e monitoramento remoto transformam o controle de pragas com precisão, economia e sustentabilidade no campo.
As pragas são um fator redutor de produtividade, portanto, seu manejo é importante para fornecer condições necessárias para que a lavoura atinja seu potencial produtivo.
A agricultura brasileira, uma das mais produtivas do mundo, enfrenta desafios constantes com o controle de pragas.
Estima-se que o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), principal praga da cultura do algodão no Cerrado, exige entre 18 a 22 pulverizações por safra, o que gera prejuízos que podem ultrapassar R$ 1.000 por hectare, cerca de 10% do custo total de produção.
Diante desse cenário, tecnologias de monitoramento remoto e armadilhas inteligentes vêm ganhando espaço como alternativas promissoras para o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
A Embrapa, em parceria com startups (LiveFarm) e instituições de pesquisa (Embrapii IF Goiano), lidera iniciativas que unem sensores, inteligência artificial e conectividade para transformar a forma como os produtores monitoram e combatem pragas no campo.
O conceito de MIP e o papel do monitoramento
O MIP é uma abordagem que busca equilibrar controle:
- Químico
- Biológico: natural, clássico e aplicado.
- Cultural
- Controle comportamental: hormônios, atraentes e repelentes.
- Controle genético
- Controle varietal
O uso de armadilhas é uma das ferramentas centrais nesse processo, uma vez que permite identificar o momento ideal para intervenção e evitar aplicações desnecessárias de inseticidas.
Monitoramento remoto: a revolução digital no campo
A inovação mais recente no combate a pragas é o uso de armadilhas equipadas com sensores e sistemas de inteligência artificial.
Um exemplo é o equipamento desenvolvido pela startup LiveFarm, em parceria com a Embrapa e a Embrapii IF Goiano, que realiza a contagem automática de insetos capturados em armadilhas de feromônio.

Imagem: uso de inteligência artificial alimentada por sensor acoplado em armadilhas convencionais de feromônio. Fonte: Embrapa, 2022.
Esse sistema funciona de forma autônoma, sem necessidade de conexão via satélite ou telefonia, e envia os dados para um aplicativo que auxilia o produtor na tomada de decisão. A tecnologia permite:
- Redução de até 50% nas aplicações de inseticidas;
- Economia de tempo com monitoramento automatizado e;
- Aplicações localizadas, o que diminui o impacto ambiental.
Além disso, o sistema pode ser integrado a drones de pulverização, tornando o processo ainda mais eficiente e preciso.
Armadilhas inteligentes
A startup Tarvos, apoiada pelo Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), desenvolveu uma armadilha inteligente voltada para o monitoramento de lagartas em lavouras de soja e algodão. O equipamento, simples na aparência, é altamente sofisticado em sua operação:
- Possui sensores que detectam a entrada de mariposas (fase adulta de lagartas);
- Aciona câmeras inteligentes que registram imagens dos insetos;
- Utiliza algoritmos de reconhecimento para identificar espécies e quantificar indivíduos;
- Transmite os dados via satélite para uma plataforma on-line, mesmo em áreas sem cobertura de telefonia.
Esse sistema permite o acompanhamento contínuo da infestação, com geração de relatórios diários e mapas de calor.
Os produtores podem visualizar em tempo real a evolução da população de pragas e tomar decisões mais precisas sobre o momento e o local da aplicação de defensivos.

Imagem: equipamento desenvolvido por startup apoiada pelo PIPE-FAPESP permite o monitoramento de pragas que afetam a produção de soja e algodão. Foto: divulgação/ Tarvos).
Armadilhas multiespécies e redes neurais
Outro projeto em andamento pela Embrapa Algodão desenvolve um sistema de monitoramento remoto para as culturas do algodão e da soja, com capacidade de identificar simultaneamente três grupos de insetos: lepidopteros, hemipteros e coleopteros.
A tecnologia inclui:
- Armadilhas multiespécie;
- Detectores eletrônicos com leitura automática;
- Processamento de dados via rede neural.
Essa abordagem permite contagem em tempo real e facilita estratégias de intervenção mais precisas, reduzindo o uso de insumos químicos e os impactos ambientais.

Imagem: armadilha eletrônica de controle de pragas da Jacto Next. Fonte: Revista Cultivar.
Sustentabilidade e economia: os benefícios da inovação
A adoção de armadilhas inteligentes e monitoramento remoto traz benefícios significativos para o produtor e para o meio ambiente:
- Redução de defensivos;
- Economia de insumos;
- Eficiência operacional;
- Preservação de inimigos naturais;
- Tomada de decisão precisa.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, a adoção em larga escala ainda enfrenta obstáculos. Entre eles:
- Custo inicial dos equipamentos;
- Limitações de conectividade em áreas rurais;
- Necessidade de capacitação técnica dos produtores.
No entanto, com o apoio de instituições como a Embrapa e o crescimento de startups agrotechs, espera-se que essas barreiras sejam superadas nos próximos anos.
A tendência é que o monitoramento remoto se torne uma prática comum, especialmente em culturas de alto valor como algodão, soja, hortaliças e frutas.
Conclusões
Neste artigo, você conheceu algumas das diversas tecnologias que podem ser implementadas na sua lavoura.
A combinação de armadilhas físicas com tecnologias digitais representa uma mudança de paradigma no combate a pragas agrícolas.
O Brasil, com sua diversidade de cultivos e desafios fitossanitários, está na vanguarda dessa transformação.
Com apoio técnico, políticas públicas e investimento em inovação, o monitoramento remoto pode se consolidar como uma ferramenta essencial para uma agricultura mais sustentável, eficiente e segura.
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*Texto redigido pela Equipe de Conteúdo do SolloAgro.





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