Publicado em: 05/09/2025.
Saiba como funciona a tríplice lavagem, logística reversa e reciclagem de embalagens de defensivos no Brasil.
O Brasil é considerado referência mundial no manejo de embalagens agrícolas, em grande parte devido à Lei Federal nº 9.974/2000, que instituiu a obrigatoriedade da logística reversa.
De acordo com essa lei, cabe ao agricultor devolver as embalagens usadas nos postos de recebimento autorizados.
Já os fabricantes e distribuidores são responsáveis por garantir a destinação ambientalmente adequada, seja por meio da reciclagem ou da incineração controlada.
O sistema é coordenado nacionalmente pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), que organiza a coleta, transporte e tratamento em parceria com cooperativas, revendas e centrais de recebimento.
O papel do agricultor: tríplice lavagem e devolução
Antes da devolução das embalagens, o agricultor deve realizar um procedimento conhecido como tríplice lavagem (ou lavagem sob pressão, quando disponível).
Esse processo garante que a embalagem seja esvaziada de resíduos químicos, que permite que o material siga para a reciclagem com segurança.
O passo a passo inclui:
- Esvaziar totalmente o conteúdo no tanque do pulverizador;
- Adicionar água limpa até ¼ do volume da embalagem;
- Agitar por 30 segundos e despejar a água de lavagem no tanque;
- Repetir o processo por três vezes;
- Inutilizar a embalagem, perfurando o fundo, para evitar reutilização indevida.

Imagem: tríplice lavagem de embalagens. Fonte: inpEV.

Imagem: lavagem sob pressão de embalagens. Fonte: inpEV.
Após esse procedimento, o agricultor deve armazenar as embalagens em local seguro até a devolução no ponto de recebimento credenciado.
Postos e centrais de recebimento
Os postos de recebimento estão distribuídos em regiões agrícolas de todo o país, normalmente em parceria com cooperativas e associações de produtores.
Já as centrais de recebimento são estruturas maiores, que concentram e classificam as embalagens recebidas antes de enviá-las ao destino final.
O sistema funciona em rede:
- Agricultor: devolve as embalagens;
- Posto: recebe e armazena temporariamente;
- Central: compacta, tritura ou prepara o material para transporte;
- Indústria recicladora ou incineradora: faz o tratamento final.
Esse modelo permite rastreabilidade e garante que quase 100% das embalagens coletadas tenham destino ambientalmente correto.
Destinação final: reciclagem e incineração
O destino das embalagens depende do tipo de material e do grau de contaminação residual.
- Reciclagem: embalagens de plástico rígido (como polietileno de alta densidade – PEAD) que passaram pela tríplice lavagem são trituradas e transformadas em resina plástica reciclada.
Essa resina é utilizada na fabricação de artefatos como dutos corrugados, tampas de bateria e caixas de contenção, nunca em produtos que tenham contato direto com alimentos ou medicamentos.
- Incineração: embalagens que não podem ser recicladas, como as de papelão contaminado, sacarias flexíveis ou recipientes metálicos, são encaminhadas para fornos industriais de alta temperatura, onde os resíduos químicos são destruídos de forma controlada.
O processo é acompanhado por órgãos ambientais para garantir a segurança.
Esse modelo garante que o risco de contaminação seja eliminado e que parte do material retorne à cadeia produtiva sob forma de novos produtos.
Impactos ambientais e sociais da logística reversa
O sistema brasileiro de destinação de embalagens agrícolas é considerado um case de sucesso internacional.
Segundo dados do inpEV, mais de 90% das embalagens plásticas primárias (aquelas que entram em contato direto com o produto) são corretamente coletadas e destinadas, índice superior ao de países da União Europeia e dos Estados Unidos.
Os benefícios incluem:
- Redução do risco de contaminação do solo e da água;
- Economia de recursos naturais por meio da reciclagem;
- Geração de empregos diretos e indiretos em postos, centrais e indústrias recicladoras;
- Maior conscientização dos agricultores quanto ao uso responsável dos insumos.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar dos avanços, ainda existem desafios. O transporte das embalagens em áreas remotas pode ser oneroso, e a conscientização de pequenos agricultores precisa ser constantemente reforçada.
Além disso, a expansão da agricultura digital e dos bioinsumos traz novos tipos de embalagens que também precisarão de soluções de destinação.
No futuro, espera-se maior integração de tecnologias, como:
- Rastreabilidade digital das embalagens por meio de QR codes;
- Adoção de materiais biodegradáveis para certos tipos de insumos;
- Aprimoramento da reciclagem química, que permite recuperar matéria-prima em nível molecular.
Essas inovações devem reforçar ainda mais a sustentabilidade do setor agrícola.
Conclusões
O ciclo das embalagens agrícolas após o uso é um exemplo claro de responsabilidade compartilhada entre produtores, distribuidores, indústrias e governo.
O sucesso do modelo brasileiro demonstra que é possível conciliar produtividade agrícola com responsabilidade socioambiental.
Para o agricultor, seguir corretamente os procedimentos de lavagem, inutilização e devolução das embalagens não é apenas uma exigência legal, mas uma prática que garante segurança, sustentabilidade e respeito à sociedade.
Assim, ao final da safra, cada embalagem devolvida corretamente é mais do que um resíduo descartado: é parte de um sistema que protege o meio ambiente, valoriza o produtor e fortalece a imagem do agronegócio brasileiro.
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*Texto redigido pela Equipe de Conteúdo do SolloAgro.





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