Saiba mais sobre o enfezamento do milho

Publicado em: 18/10/2024.

Imagem: lavoura de milho com sintomas de enfezamento. Fonte: Embrapa.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho (Ministério da Agricultura e Pecuária – MAPA, 2024), sendo a segunda maior cultura produzida no país, apenas atrás da soja, e está amplamente presente na dieta brasileira. Desde 2000, a área plantada de milho cresceu cerca de 71%, com o cultivo após a safra de soja, conhecido como “milho safrinha” ou “milho de segunda safra”.

Assim como todas as plantas, o milho é suscetível a pragas e doenças que podem comprometer a produtividade e causar enormes prejuízos. Os enfezamentos são doenças do milho causadas pela infecção da planta por microrganismos da classe Mollicutes, conhecidos como moliculites. São bactérias difíceis de serem cultivadas em laboratório,  já que exigem condições muito específicas, assim, dificultando o estudo e manejo dessa doença.

Imagem: presença do enfezamento do milho no Brasil ciclo 2022. Fonte: Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Existem dois tipos de enfezamento:

  • Enfezamento-pálido: causado pelo molicute do tipo espiroplasma, os sintomas apresentados pela doença geralmente são estrias nas folhas, plantas com altura reduzida, encurtamento de entrenós, brotos nas axilas foliares e enfraquecimento de colmos.
  • Enfezamento-vermelho: causado por molicute do tipo fitoplasma, os sintomas apresentados pelo enfezamento-avermelhado geralmente são o amarelecimento ou avermelhamento das folhas, perfilhamento e proliferação de espigas.

As bactérias causadoras dos enfezamentos do milho são transmitidas pela cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), um inseto sugador que se alimenta da seiva da planta. Ao se alimentar de plantas infectadas, a cigarrinha adquire as bactérias, que se multiplicam em seu corpo e são transmitidas para plantas sadias durante novas alimentações.

O período de latência, ou seja, o tempo necessário para que a bactéria se torne transmissível, varia de acordo com as condições ambientais. Temperaturas mais elevadas e alta densidade populacional da cigarrinha favorecem a transmissão da doença.

Imagem: Adultos de cigarrinha Dalbulus maidis no cartucho de planta de milho (esquerda, seta amarela), inseto na folha de milho (acima à direita) e detalhe das manchas circulares acima da cabeça (inferior à direita, setas escuras). Fonte: Embrapa.

Os patógenos transmitidos pela cigarrinha-do-milho infectam preferencialmente as plantas de milho em seus estádios iniciais de desenvolvimento, colonizando os tecidos do floema. Essa localização permite que os patógenos se disseminem rapidamente por toda a planta, interferindo no transporte de nutrientes e outros processos essenciais.

A infecção causa uma série de distúrbios metabólicos, resultando em sintomas característicos, como os citados anteriormente. Esses sintomas, que variam de acordo com o tipo de patógeno e as condições ambientais, comprometem severamente a fase reprodutiva da planta, levando a uma redução drástica na produção de grãos, com perdas superiores a 70% em casos de infestações severas.

O manejo integrado da cigarrinha-do-milho e dos enfezamentos exige um conjunto de práticas preventivas e corretivas, que devem ser adotadas durante todo o ciclo da cultura.

Na entressafra, é fundamental eliminar restos culturais para reduzir a fonte de inóculo e a população de cigarrinhas. Durante a semeadura, o uso de sementes tratadas com inseticidas e o plantio em datas adequadas podem reduzir o risco de infestação. Ao longo do cultivo, o monitoramento constante da população de cigarrinhas e a aplicação de inseticidas biológicos, como produtos à base de Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana, são essenciais para o controle da praga.

Imagem: Práticas de manejo da cigarrinha e dos enfezamentos do milho. Fonte: Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Além disso, o uso de variedades de milho resistentes aos enfezamentos e a rotação de culturas podem contribuir significativamente para a redução das perdas. Após a colheita, a destruição dos restos culturais e a limpeza da área são medidas importantes para evitar a sobrevivência da cigarrinha e a disseminação da doença. Embora os enfezamentos do milho representem uma ameaça constante às lavouras, o manejo integrado, associado ao uso de biodefensivos e ao desenvolvimento de cultivares resistentes, tem demonstrado ser uma estratégia eficaz para minimizar os danos causados por essa praga e seus patógenos associados.

*Texto de autoria da Equipe de Conteúdo do SolloAgro.

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