Publicado em: 29/11/2024.
Imagem: Irrigação por aspersão no cultivo do arroz. Fonte: Embrapa.
A irrigação é a aplicação de água às culturas de modo a suprir suas necessidades hídricas. É uma técnica de manejo utilizada para aumentar a produtividade agrícola e pode ser realizada de diferentes formas para se adaptar às variadas condições e atender diferentes objetivos.
A irrigação no mundo
Para demonstrar sua importância, destaca-se que cerca 18% da área agrícola mundial é irrigada e é responsável por 44% da produção e 48% da renda bruta na agricultura. O Brasil possui 8,2 milhões de hectares fertirrigados (2,9 Mha) e irrigados (5,3 Mha), as áreas irrigadas ocupam cerca de 10% da área agrícola cultivada e respondem por 16% da produção e 35% da renda bruta agrícola.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil ocupa a 6ª posição no ranking mundial de áreas irrigadas, atrás de China, Índia, Estados Unidos, Paquistão e Irã. Entretanto, o Brasil pode chegar a 55 milhões de hectares irrigados e ocupar a terceira posição.
A perspectiva é que, até o ano de 2040, haja cerca de 13-15 milhões de hectares irrigados no país. Em termos de expansão de área irrigada, o Brasil é o país que tem maior potencial.
Imagem: os 10 países com maior área irrigada. Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO).
Os métodos de irrigação
De modo geral, há quatro métodos de irrigação: superfície, aspersão, localizada e subirrigação. Cada método tem vários tipos de sistemas de irrigação.
Por superfície
No método de irrigação de superfície, a água é aplicada diretamente na superfície do solo, utilizando a gravidade para distribuição.
Os sistemas de irrigação nesse método são: inundação, faixas e sulcos. Suas principais vantagens são: baixo custo de operação; uso de equipamentos simples; possibilidade de uso de água com alto teor de sólidos em suspensão; e uniformidade de aplicação que não sofre efeito de vento.
Imagem: Irrigação por inundação em cultura de arroz. Fonte: Embrapa.
Suas limitações são: dependência de condições topográficas; necessidade de sistematização do terreno (alto custo); maior complexidade no manejo das culturas; e, geralmente, baixa eficiência de distribuição de água.
Por aspersão
A irrigação por aspersão é um método que distribui a água imitando a chuva – jatos d’água lançados ao ar e que caem sobre a cultura. Os principais sistemas são: pivô central, aspersão convencional e autopropelido (carretel enrolador).
Imagem: Sistema de irrigação por aspersão com pivô central na produção de páprica. Fonte: Embrapa.
Suas principais vantagens são: adaptabilidade a diferentes condições de solo e topografia; possibilidade de fertirrigação (redução do custo de adubação); alta eficiência de distribuição de água; e possibilidade de automatização total.
Suas limitações são: alto custo de instalação; uniformidade de aplicação fortemente influenciada por fatores climáticos (vento e umidade do ar); e favorecimento de doenças transmitidas pela água.
Localizada
A irrigação localizada é o método em que a água é aplicada apenas na parte da área que deve ser irrigada. Os sistemas mais comuns são a microaspersão e o gotejamento. A irrigação é feita utilizando emissores que aplicam água de forma pontual (gotejadores) ou superficial (microaspersores).
Imagem: Sistema de irrigação por gotejamento em solo coberto com plástico preto (“mulch“). Fonte: Embrapa.
As principais vantagens desses sistemas são: economia de água; alta eficiência de aplicação; ótimo controle da umidade do solo; possibilidade de automação total; e menor uso de energia e mão de obra (em relação ao método de aspersão).
Suas limitações são: alto custo de implantação (dependente do espaçamento entre as linhas de emissores); alta sensibilidade a entupimento de emissores (ferro, cálcio, magnésio e microrganismos); e necessidade de tratamento prévio da água (filtragem e remoção de ferro).
Subirrigação
No método de subirrigação a água é aplicada abaixo da superfície do solo, diretamente nas raízes das plantas, por meio da elevação do lençol freático ou por gotejamento subterrâneo.
Imagem: Emprego de um sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo na cultura do milho. Fonte: Roberto Testezlaf
Esse método tem como vantagens: menor custo de implementação (só na elevação de lençol freático); redução da evaporação de água (praticamente não molha a superfície do solo); e baixo custo de manutenção (sem danos às tubulações devido a operações de campo). Como limitações, tem-se: necessidade de sistematização do terreno (sistema de elevação de lençol freático); dificuldade de implementação em terrenos com presença de rochas, construções, e outros obstáculos; necessidade de tratamento da água para evitar entupimento (gotejamento subterrâneo); necessidade de tratamento para evitar a intrusão de raízes (gotejamento subterrâneo).
Conclusão
A escolha do método de irrigação depende de fatores específicos de cada área, tais como: condições do solo, topografia, clima e tipo de cultura, qualidade da água, vocação agrícola regional e disponibilidade de recursos, humanos e financeiros, para viabilizar os custos de implantação e operação.
A escolha do sistema de irrigação ideal para as condições existentes é essencial para maximizar a produtividade, utilizando os recursos de forma eficiente e garantindo a sustentabilidade agrícola.
* Texto de autoria da equipe de conteúdo do SolloAgro, com colaboração do Prof. Fernando Campos Mendonça, docente da ESALQ/USP e do SolloAgro.
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