Publicado em: 06/12/2024.
No dia 5 de dezembro comemora-se o Dia Mundial do Solo. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em 2013.
O objetivo é divulgar a importância dos solos para a manutenção da vida no planeta e conscientizar a população sobre a necessidade de práticas que promovam a sustentabilidade ambiental.
As funções e importância do solo
O solo é um elemento fundamental em todas as cadeias produtivas, visto que serve de base para os cultivos agrícolas, os quais são consumidos diretamente e utilizados como matéria-prima em diversos setores.
Imagem: Funções do Solo. Fonte: FAO
Além disso, é responsável por serviços ecossistêmicos, como a regulagem do clima no planeta, a fixação de carbono da atmosfera nas plantas e a ciclagem de nutrientes.
Atualmente, diversas regiões do mundo enfrentam impactos graves decorrentes das mudanças climáticas, como eventos extremos, perda de biodiversidade e crises alimentares cada vez mais frequentes. Diante desse cenário preocupante, o solo destaca-se como essencial na mitigação desses desafios.
Segundo a FAO, o solo é o segundo maior reservatório de carbono, ficando atrás somente dos oceanos. Sendo assim, desempenha um papel crucial na redução dos gases de efeito estufa.
Estima-se que seja capaz de sequestrar até 2,05 petagramas de CO2 por ano (cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2), o que representa uma oportunidade de compensar até 34% das emissões de gases provenientes da agricultura.
Embora tenha essa reconhecida relevância, um terço dos solos do planeta já estão degradados, segundo dados da FAO. Práticas agrícolas inadequadas, superexploração dos recursos naturais, desmatamento e poluição são as principais causas dessa degradação.
As atividades irregulares comprometem os ecossistemas, afetando a biodiversidade, e prejudicando a resiliência às mudanças climáticas. Além disso, ameaçam a segurança alimentar, considerando que cerca de 95% da produção global de alimentos depende do solo.
Algumas práticas que podem ser utilizadas para manejo sustentável e combater a degradação do solo incluem evitar a retirada de vegetação da cobertura do solo, rotação de culturas e plantio direto.
Classificação
Formação do solo
A formação do solo é um processo longo e complexo que resulta da interação entre diversos fatores e processos naturais.
Os principais fatores de formação do solo incluem o material de origem (rochas e sedimentos), o relevo (topografia), o clima, os organismos vivos (vegetação, animais e microrganismos) e o tempo, que pode levar milhares de anos para formar uma fina camada de solo.
Os processos do solo são divididos em quatro categorias principais: adições, perdas, transformações e translocações.
As adições referem-se à incorporação de materiais, como matéria orgânica, minerais trazidos pelo vento ou sedimentos depositados pela água.
As perdas ocorrem devido à erosão, lixiviação de nutrientes ou evaporação da água.
As transformações envolvem a decomposição de matéria orgânica e a alteração química e física dos minerais.
Por fim, as translocações dizem respeito ao movimento de materiais dentro do perfil do solo, como a migração de argilas ou sais.
A composição média de um solo não cultivado é formada por 45% de minerais, 25% de água, 25% de ar e apenas 5% de matéria orgânica. Essa composição varia de acordo com o tipo de solo e sua localização, mas destaca a importância dos minerais e da matéria orgânica na estrutura e fertilidade do solo.
A formação de 1 cm de solo pode levar entre 100 e 1.000 anos, o que evidencia a necessidade de práticas sustentáveis para sua conservação, dada a sua importância para a agricultura, a biodiversidade e a regulação ambiental.
Tipos de solo
A classificação de solos é baseada na análise de dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos, complementada por aspectos ambientais como clima, vegetação, relevo, material de origem e relações solo-paisagem.
Imagem: Mapa de solos do Brasil na escala 1:5.000.000. Fonte: Embrapa
O processo inicia-se com a descrição detalhada do perfil do solo em campo, seguida de análises laboratoriais que ajustam e confirmam a classificação.
A descrição inclui características como cor, textura, estrutura, consistência, profundidade das raízes, microrrelevo e outros aspectos definidos em manuais técnicos.
Essas observações ajudam a identificar horizontes diagnósticos, essenciais para a classificação no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).
O sistema de classificação possui seis níveis categóricos, sendo amplamente usado até o quarto nível, que inclui classes, como Argissolos, Cambissolos, Chernossolos, Latossolos, Neossolos e Organossolos.
Imagem: Classes de solos do Brasil. Fonte: Ademir Fontana, Fabiano de Carvalho Baliero e Marcos Gervásio Pereira.
Cada classe é definida por características específicas, como tipo de horizonte, textura e saturação por bases, permitindo compreender o solo em diferentes contextos ambientais e de manejo.
Conclusão
O solo é um recurso vital para a vida no planeta, desempenhando incontáveis funções essenciais que vão além da produção agrícola.
Por isso, o Dia Mundial do Solo é essencial para reforçar a urgência da adoção de práticas de manejo sustentável que conciliam a produtividade e a preservação ambiental.
“O solo é o maior patrimônio do agricultor e deve ser manejado segundo critérios técnicos que permitam uma produção agrícola sustentável e economicamente viável com a menor degradação possível. Daí a importância de sistemas integrados e conservacionistas que preservam o solo sem perder sua capacidade produtiva”- Luís Reynaldo Ferracciú Alleoni, docente da ESALQ/USP e coordenador do SolloAgro.
* Texto de autoria da equipe de conteúdo do SolloAgro
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