Para que serve a avaliação do estado nutricional das plantas?

Publicado em: 20/06/2025.

Descubra por que avaliar o estado nutricional das plantas é indispensável para melhorar a produtividade, eficiência e sustentabilidade da lavoura.

No Brasil, a eficiência no uso de fertilizantes ainda está muito abaixo do ideal: varia entre 50% a 70% para o nitrogênio (N), 15% a 50% para o fósforo (P) e 50% a 70% para o potássio (K), segundo o Plano Nacional de Fertilizantes 2050.


Com isso, pode-se observar que uma parte significativa dos nutrientes aplicados não é aproveitada pelas culturas agrícolas.

Nesse contexto, esse diagnóstico nutricional permite acompanhar o desempenho da lavoura e contribuir para sistemas produtivos mais sustentáveis.

Continue a leitura e entenda como a avaliação nutricional contribui para a sustentabilidade e produtividade da sua lavoura.

Avaliação nutricional e sustentabilidade: por que isso importa?

Avaliar o estado nutricional das plantas é determinante para usar os insumos de forma mais eficiente e tornar a produção agrícola mais sustentável.

A adubação mal conduzida pode gerar desequilíbrios na planta, reduzir o rendimento e causar perdas por lixiviação, volatilização ou imobilização dos nutrientes no solo. 

A avaliação nutricional permite ajustes finos, melhora a eficiência no uso dos fertilizantes (EUF) e reduz o impacto ambiental, um componente necessário na agricultura regenerativa e de baixa emissão.

Além disso, a nutrição vegetal influencia diretamente a qualidade da colheita. Plantas bem nutridas produzem alimentos com maior teor de proteínas, óleos, açúcares, vitaminas e compostos funcionais.

Essa dimensão qualitativa é fundamental em cadeias produtivas voltadas para exportação, alimentação humana e processamento industrial. 

O desequilíbrio na adubação pode comprometer a formação da colheita. Um exemplo é quando o excesso de K no solo reduz a absorção de Ca e Mg pelas raízes, fenômeno conhecido como antagonismo na absorção radicular.

Esse tipo de interferência afeta negativamente a nutrição vegetal, o enchimento de grãos e a integridade estrutural dos tecidos, que reflete na qualidade final da produção. Desta forma, é fundamental considerar as interações entre nutrientes e não apenas seus níveis isolados.

Imagem: Antagonismo e sinergismo na absorção de nutrientes pela planta. Legenda: A: Antagonismo; S: Sinergismo; R: Substituição; +/-: Sinergismo e Antagonismo; PA: Possível Antagonismo. Fonte: Ortega e Malavolta, 2012.

Análise de solo e planta: ferramentas que se complementam

A análise do estado nutricional pode ser realizada principalmente por meio da diagnose foliar.

No entanto, é necessário entender sua relação com a análise de solo. Enquanto esta indica a capacidade do solo em fornecer nutrientes, a análise foliar mostra o que foi efetivamente absorvido pela planta. 

De acordo com o Prof. José Lavres Júnior, docente do CENA/USP e Programa SolloAgro:

“A planta é um ajuste fino da análise do solo, e que ambas se complementam e nenhuma substitui a outra.

Essa complementaridade é decisiva para diagnósticos mais precisos. A análise de solo contribui para o planejamento da adubação, enquanto a diagnose foliar avalia a eficiência desse manejo, que considera fatores ambientais, biológicos e fisiológicos que interferem na absorção.

Monitoramento da fertilidade e tecnologias emergentes

É necessário monitorar a fertilidade do solo ao longo do tempo. A variabilidade espacial e temporal, somada às mudanças climáticas, exige avaliações regulares. 

No Brasil, a grande extensão territorial e a limitada disponibilidade de laboratórios em algumas regiões dificultam a logística de amostragem e análise, especialmente em cultivos anuais com janelas curtas para intervenção.

Por isso, tecnologias como sensores portáteis, espectroscopia no visível e infravermelho próximo (Vis-NIR), imagens hiperespectrais e algoritmos de inteligência artificial têm se destacado. 

Essas ferramentas possibilitam estimativas rápidas e não destrutivas do estado nutricional das plantas, com potencial de uso direto no campo. 

A evolução tecnológica inclui sistemas móveis de análise, sensores embarcados em máquinas agrícolas e integração com dados climáticos e de solo, o que aprimora a tomada de decisão dos técnicos e produtores.

Imagem: Curvas características da reflectância da água, solo e vegetação verde. Fonte: Shiratsuchi et al. 2014.

Entretanto, a amostragem ainda representa um dos principais desafios. A qualidade do diagnóstico depende diretamente da coleta representativa e precisa dos tecidos vegetais. 

Além disso, a interpretação dos dados requer calibrações regionais e base de dados consistentes das propriedades, o que destaca a importância de o produtor construir um histórico de dados biométricos e de fertilidade do solo.

Conclusão

A avaliação nutricional permite entender a relação entre o solo, o manejo nutricional e a resposta fisiológica da planta. Associada à tecnologia agrícola e ao conhecimento científico, contribui para a tomada de decisão técnica, o aumento da produtividade agrícola, a qualidade da colheita, a eficiência no uso de insumos e a sustentabilidade no campo.

*Texto redigido pela Equipe de Conteúdo do SolloAgro.

Referências Bibliográficas: 

Pilling, D., & Bélanger, J. (2019). The state of the world’s biodiversity for food and agriculture. Rome: FAO Commission on Genetic Resources for Food and Agriculture.

Shiratsuchi, Luciano & Brandão, Ziany & Vicente, Luiz & Victoria, Daniel & Ducati, J. & Oliveira, Ronaldo & Vilela, Marina. (2014). Sensoriamento Remoto: conceitos básicos e aplicações na Agricultura de Precisão. 

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